APELO - Universo paralelo: o que acontece nos hospitais quando os abraços, as aglomerações e a indiferença se propagam nas ruas
Saudações a tod@s os/as estudantes que no curso desse ano enfrentaram o difícil ano de 2020.
O relato foi feito pela
psicóloga intensivista, Larissa Gomes (@larissafgomes_psicologia).
Ela trabalha em um hospital de Belo Horizonte, acompanhem:
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'O olhar aflito do paciente procura os nossos': o desabafo de psicóloga sobre casos de covid-19 que repercutiu nas redes - BBC News Brasil |
Tem dias que sinto
que vivo em um universo paralelo. Tem horas que espero o Sérgio Mallandro
aparecer gritando “pegadinha do malandro”!
Acordo cedo, vou para
o hospital.
Fulano está saturando
mal, avisa o fisioterapeuta. Médico avalia e lamenta: vamos ter que intubar.
Enfermagem começa uma operação de guerra para preparar o procedimento.
Tablet na mão.
Entro no box
acompanhando o médico que calmamente e com muita segurança explica ao paciente
que as medidas ventilatórias não invasivas foram insuficientes. Por mais
otimista que a equipe seja (e cá entre nós a minha é linda!), o paciente já
sabe com o que está lidando: “deixa eu conversar com minha família antes?”.
Vídeo-chamada.
“Anota aí a senha do
banco, avisa nossa filha que amo ela demais. O carnê do plano funerário tá na
segunda gaveta da minha mesa. Ainda não paguei a rematrícula da escola. Rezem
por mim, serei intubado”.
Chegamos em um dos momentos mais difíceis. O olhar aflito do paciente procura os nossos [olhares]. Sinto uma mão tocar a minha, a outra segura o médico: “não me deixem morrer”. Prometemos fazer o nosso melhor. Médico, fisio. e enfermagem iniciam o procedimento.
Saio para ligar para
a família. Mais medo, muito choro, súplicas por notícias e por um mínimo
contato com o paciente. Os próximos dias serão eternos para essa família e
decisivos para o paciente.
Pulmão inflamado, piora ventilatória. Prona (vira de bruços). Rim começa a parar. Dialisa. Coração está fraco. Liga drogas. Ufa!, Melhora ventilatória, vem a luta para despertar. Foram muitos dias de sedação. Confusão, agitação, piora ventilatória, seda de novo. Tentamos mais uma vez, talvez algumas outras.
Não deu para entubar. Comunica a família, traqueostomia. Desmame da ventilação, paciente acorda sem saber onde está. Família acompanha tudo a distância. Participo de rezas, testemunho promessas, tento ser a ponte entre o lá fora e o aqui dentro. Paciente melhora, sai da ventilação. Enfim, depois de um mês teremos dias melhores! [Ao menos,] Para esse paciente.
Enquanto isso tudo acontecia, chegavam outros, iniciávamos todo o processo. Uns evoluem com menos complicação. Alguns morrem. Outros tantos enfrentam saga parecida. É assim. Todo santo dia.
Vocês podem continuar
lendo (na íntegra) no Instagram de Larissa (@larissafgomes_psicologia).
Ela segue dizendo que, após sair do trabalho, de enfrentar toda essa rotina
dura, depara-se com inúmeras aglomerações, seja pelo caminho de casa, seja
pelas postagens nas redes sociais de conhecidos.
Na Chapada Diamantina não é demais dizer que estamos no pior momento da pandemia, por isso meu apelo de o quanto seja possível tod@s vocês colaborem no sentido do USO DA MÁSCARA, da máxima higienização e álcool em gel. Distanciamento e, quanto possível, ficar em casa. Não vamos colaborar com o vírus, mas uns com os outros para, junt@s, superarmos este momento.
Conto com tod@s!
Saudações!
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